Você está mais para o velocista Usain Bolt ou o maratonista Eliud Kipchoge? Tradicionalmente, o desempenho do atleta é atribuído ao seu treino, nutrição, motivação e a um talento natural, algo como “ele nasceu assim”. Um dos segredos deste dom para correr 100m ou 42km em alta performance está no DNA do atleta. Nos últimos anos, tem se estudado muito o perfil genético dos esportistas como forma de explicar como algumas pessoas conseguem marcas incríveis. Diversos estudos e trabalhos científicos começam a demonstrar uma relação direta com determinados polimorfismos de DNA e o alto desempenho no esporte. O polimorfismo do DNA são sequências genéticas que diferem do que é tido como “normal” ou “comum” na maioria da população. E um dos polimorfismos no DNA mais estudados em relação a esporte e performance é o ACTN3, também conhecido como gene da velocidade.
Qual tipo de corrida você nasceu para correr?
Para entender a importância desse gene e responder a essa pergunta, primeiro é necessário compreender um pouco nossa composição muscular: O corpo humano é formado por mais de 600 músculos esqueléticos compostos de dois tipos principais de fibras musculares, tipo I (de contração lenta / vermelhas) e tipo II (de contração rápida / brancas).
As fibras musculares de tipo I contraem-se lentamente, predispondo-se para atividades aeróbicas e de resistência como corridas longas.
As fibras musculares do tipo II contraem-se mais rapidamente e com mais força, sendo determinantes para atividades de explosão como corridas de velocidade ou levantamento de peso.
E é nesse contexto que o gene ACTN3 é relevante. Ele é responsável por produzir a proteína α-actinina 3, que é uma das principais componentes da musculatura esquelética e fornece o suporte estrutural durante a contração muscular. Existem duas variantes do gene ACTN3: os tipos R e X. Cada pessoa tem duas cópias do gene, uma materna e uma paterna, gerando três possibilidades: RR, RX e XX. Estudos mostraram que pessoas com o gene tipo R (RR ou RX) produzem a proteína alfa-actinina-3 e têm mais músculos de contração rápida (tipo II). Já os indivíduos com o gene tipo X não conseguem produzi-la, tendo predominância de fibras musculares lentas.
A ausência da alfa-actinina 3 afeta sua performance atlética?
O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) realizou um estudo junto ao Instituto Australiano de Esportes que indicou que nenhuma das velocistas australianas pesquisadas possuíam 2 cópias deficientes de ACTN3 (XX), em comparação com 18% da população feminina australiana em geral. Outro estudo descobriu que 99% dos velocistas olímpicos possuíam pelo menos uma cópia funcional do ACTN3, levando os pesquisadores a acreditarem que a presença da proteína α-actinina-3 se correlaciona diretamente com o melhor desempenho nas provas de velocidade.
Em contrapartida, os estudos descobriram que os atletas de resistência de elite eram muito mais propensos a ter o genótipo XX (não produção da proteína α-actinina-3) do que os grupos de controle.
O que isso quer dizer então?
Ter ou não o gene ACTN3 não significa que você se tornará o próximo Usain Bolt ou Eliud Kipchoge. Obviamente, muitos outros fatores tem de ser levados em conta, mas compreender as sua genética torna-se fundamental para a otimização completa do seu treino e garantir a segurança e alta performance no esporte.
Você tem um gene ACTN3 funcional? Não é necessário ser um esportista olímpico para saber. Faça o teste do DNA Runner e descubra o tipo de atleta você nasceu para ser.